Monólogo
(homenagem ao rio Tietê)
Carvalho de Azevedo – Osasco, SP
O que ouves
E interpretas como acalento
Nada mais é que meu lamento
Insensíveis poluíram-me a nascente
Relegaram-me ao apodrecimento
Quando priorizaram o desmatamento
Alteraram meu curso natural
Represaram-me sem nenhum acanhamento
Em nome do progresso, mas da vida em detrimento
E agora quando quase nada mais me resta
Quando irreversível é meu assoreamento
É difícil, mas não impossível o meu reaparecimento
Basta que seus semelhantes
Não me tinjam com seus excrementos
Basta que apenas mudem seus procedimentos
Quero correr livre e puro como nasci
Levando água para o mais distante povoamento
Com fartura de peixes e vida em todo momento
Quero de novo saciar a sede do ribeirinho sedento
Quero de novo abrigar a piracema, festejar o nascimento
Comemorar a vida sem nenhum impedimento.
Quero desaguar lá longe
Caudaloso, majestoso, orgulhoso, ressuscitado.
Emocionante, Poeta. A cadência, o lirismo, a competência nos fazem acreditar que ainda é possíve. Valeu.
Parabéns Poeta! lindoooooooo!!!!!!