Balancete, balancinho, balanços – Maria de Fátima Barreto Michels, Clarice Villac, Santino Frezza

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asa-de-telha-pálido (Agelaioides fringillarius), foto por Santino Frezza, Lençóis, BA, 24.05.2015.

Balancete
                Maria de Fátima Barreto Michels, 31.21.2023

Lá se vai o ano velho
e com ele meu cordel criando teias

Lá vem um ano novinho
despontam acolá seus odores, que não distingo

Já estou grávida de outros versos
tão lindos e loucos como sempre

Neste meu balancete tem muito sentimento em estoque
mas o mercado só quer comprar ouro…

Ai meu pai!
O que será do humano que não se queda diante da flor?

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Balancinho 
                    Clarice Villac, 31.12.2023 

no balancete deste ano
a amiga apurou o saldo positivo:
sentimentos em estoque
antevisão dos versos que virão

meu desejo para o que virá
é simples
como os passarinhos
que se alegram nos balancinhos
das hastes de capim

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 Balanços
     
          Santino Frezza, 01.01.2024

O papa-capim balançando
no tênue fio
que lhe dá o sustento.

Ativo, engole a semente que,
em ato passivo, oferece seu crédito
em conta-corrente.

Não precisa de receita,
pois não tem despesas nem custos,
tampouco contas a pagar.

O lucro lhe vem do estoque sempre disponível
que o capital da natureza
gratuitamente oferece.

Sem perdas e danos, ganha a vida no balanço.

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foto por: Santino Frezza
asa-de-telha-pálido (Agelaioides fringillarius)
Lençóis, BA, 24.05.2015.

Para ver mais fotos de aves por Santino Frezza:
http://www.wikiaves.com.br/perfil_sanfrezza

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Ratão-do-Banhado – crônica e foto de Santino Frezza

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Ratão-do-Banhado

                                       Santino Frezza

O Ratão-do-banhado, cujo nome científico é Myocastor coypus, é um roedor que mede até 1 metro de comprimento e pesa de 6 a 9 quilos. Possui vários nomes populares, tais como caxingui, ratão-d’água, nutria e outros. Vive preferencialmente na água, mas pode ser visto em terra, próximo a áreas alagadas.

Alimenta-se basicamente de vegetais, como capim, raízes e plantas aquáticas e herbáceas, tubérculos, folhas e grãos. Pequenos peixes e crustáceos também fazem parte de sua dieta.

À primeira vista, o roedor pode ser confundido com uma capivara. No entanto, sua pelagem densa e seus longos bigodes desfazem tal impressão.

Escrevo sobre o caxingui depois de tê-lo avistado e fotografado em Curitiba, em um lago na área da nascente do Rio Iguaçu. Meu santo protetor para assuntos desconhecidos e urgentes, o São Google, ajudou-me a conhecer um pouco sobre o bicho.

Tais conhecimentos despertaram-me o interesse em comparar o roedor com outro animal, o Homo sapiens, mais especificamente a determinadas subespécies. Entre elas, o Ratão-do-latifúndio e o Ratão-do-grande-capital.

Diferentemente do Ratão-do-latifúndio, o Ratão-do-banhado não envenena o alimento que seus semelhantes irão comer, tampouco expulsa os habitantes originários para tomar-lhes o que lhes garante a sobrevivência. Também não acumula montanhas de vegetais para transformá-los em metal, o vil metal.

Por sua vez, o Ratão-do-grande-capital tem hábitos diferentes do caxingui. Ele utiliza a força do Ratinho-proletário, a subespécie mais abundante do Homo sapiens, para satisfazer-lhe as vontades, que são ilimitadas. A falta de limites leva-o, por exemplo, a embarcar em uma cápsula para visitar no fundo do mar uma nau que naufragou há mais de um século, submergindo com ela centenas de outros Homo sapiens. O tal Ratão-do-grande-capital, juntamente com outros da mesma subespécie, ficou por lá fazendo companhia aos náufragos originários.

O Myocastor coypus que avistei e fotografei em Curitiba, que conhece seus limites, submerge por alguns minutos e emerge são e salvo com suas necessidades básicas plenamente satisfeitas. E, claro, sem explorar seus semelhantes.

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Foto de Santino Frezza: Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), Curitiba-PR, novembro de 2023.

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Descendo a ladeira com vontade de viver – crônica de Pedro Brasil Jr.

John_Henry_Hintermeister

Descendo a ladeira com vontade de viver

…………………………………………………………….Pedro Brasil Jr.

Quem já ultrapassou a barreira dos cinquenta anos, com certeza que, em algum momento, teve a oportunidade de observar algumas ilustrações que ocupavam as antigas “folhinhas”, mais precisamente, os calendários de parede, que, outrora, todo o comércio oferecia aos clientes ao final de cada ano.

As figuras retratavam cenas do cotidiano captadas pelo olhar atento do artista John Henry Hintermeister, que passava para o papel visando atender empresas do ramo publicitário, como American Art Works e Brown & Bugelow entre outras.

Decerto que eram cenas da história americana, mas que muito bem se adaptavam a vários lugares do mundo, inclusive essas terras brasileiras.

Eu acredito que até a metade dos anos setenta, ainda se podia ver alguma ilustração do Henry em folhinhas, depois as ilustrações típicas dos calendários deram lugar para fotografias de paisagens e de mulheres seminuas que ficavam nas paredes das oficinas.

Pois bem! Justo hoje, quando eu divagava, uma vez mais, sobre a simplicidade da vida, surge à minha frente uma postagem onde deparei com a cena do vovô, o neto e o cachorrinho descendo uma ladeira sobre um carrinho de madeira. Coisa tão típica de uma época em que meninos, meninas e adultos detinham tempo para peripécias dessa natureza, entre outras.

Talvez seja possível, até, a gente dar uma paradinha, aqui e agora, olhar pela janela, observar o céu e as nuvens passeando e assim, regressar no tempo e no espaço para uma singela avaliação do que foi o ontem e de como nos deixamos escravizar pela balbúrdia dos dias, pela dependência dos celulares, dos cartões, das comidas rápidas e dos estômagos e intestinos que gritam porque a máquina não está seguindo o destino conforme a caixa de troca. Da mesma maneira, nossa falta de tempo para criar uma brincadeira com os filhos, com os netos, com a gente mesmo. Tudo está na internet, no YouTube, nas redes sociais, todas onde, atualmente, temos especialistas para tudo, com suas receitas mirabolantes, sempre visando te vender algo que nunca vai proporcionar o resultado prometido. Na verdade, você não é mais uma pessoa; você é um número que pode integrar uma conta e, do seu dinheiro, contribuir para que outros aumentem o seu capital, como se isso fosse uma brincadeira. Em suma; eles te exploram, te enganam, mentem e colocam você na roda cutia, puxam a fieira e você fica, pela vida, girando como pião, até perder as força e deitar.

Faz pouco, terminei de ler o livro “Agir e Pensar como o Pequeno Príncipe”, do escritor francês Stéphane Garnier, onde ele, após esmiuçar a obra de Antoine de Saint-Exupéry, nos ensina a entender, de fato e de direito, tudo o que Exupéry expôs ao mundo em sua maravilhosa obra. Assim, a gente passa a ter um olhar mais objetivo a respeito da vida, em qualquer tempo e em qualquer lugar. Não importa nossa idade, nossa rua, nossa cidade, nosso país. Somos todos integrantes do mesmo planeta, que gira em torno do sol e que dele depende para todas as vidas aqui presentes. No miúdo planeta do Pequeno Príncipe ele vê o pôr do sol várias vezes em um só dia e nós, por aqui, raramente nos permitimos admirar esta maravilha. Somos ínfimos em meio à grandiosidade do universo e, apesar até de grande parte saber a verdade sobre si, insistimos em viver num mundo que não é o nosso, fugindo, assim, da verdadeira linha de tempo para a qual fomos direcionados. Permitimos, pelo menos a maioria de nós, que nossa criança interior permaneça no calabouço daquele castelo que um dia construímos no ar. Temos pressa e voracidade em ganhar dinheiro, em possuir cada vez mais bens, mais status para, passados os anos, olharmos no espelho e descobrirmos que não somos mais aquela criança que brincou e jogou fora os folguedos. Envelhecemos e passamos a viver de lembranças, enclausurados numa sala, sentados num sofá, diante a um aparelho de televisão que também não nos leva a lugar algum.

Melhor seria descer a ladeira, com os filhos ou netos e sentir, ainda que com idade avançada, o frêmito do viver, o poder da existência em um mundo moldado para nos receber de braços abertos e nos oferecer todos os recursos para uma vida calma e tranquila.

É uma pena já não termos na parede da cozinha aquele calendário com cenas tão simples, que, outrora, nos lembrava a respeito da preciosidade do tempo e da importância de praticar o viver lá fora, na rua, no campinho, na chuva, na fazenda ou caminhando descalço nas areias de uma praia.

Está cada vez mais comum a gente ouvir das pessoas “que os dias estão mais curtos, que os anos estão passando depressa, que a vida está escoando, as dívidas aumentando e que já não se tem tempo para mais nada”. Na verdade, seguimos no mesmo sincronismo, porque a Terra, os outros planetas, a nossa lua, o nosso sol, seguem em suas trajetórias pelo universo como sempre o foi, há milhões de anos. Nós, verdadeiras partículas de pó, dotadas de vida, é que não estamos mais vivendo adequadamente, porque em dado instante, num passado recente, sem perceber, passamos a abraçar outras causas, a interagir com interesses espúrios e, dessa forma, nos deixamos acorrentar pelo sofrimento, pela dor, pelas dificuldades que nós mesmos criamos a fim de mostrar aos outros quem nós NÃO somos e, a nós mesmos, a capacidade de esquecer que a vida é para viver com simplicidade.

Quando abrimos a janela que fica no interior da nossa sala, eis que surgem as cenas da tragédia humana. As guerras, a fome, a sede, a poluição, os desmatamentos, a violência urbana, os apelos para você comprar o que não precisa e as atrações que ali te prendem para te colocar em meio aos dramas, armações, trapaças e lições para uma vida envolta num verdadeiro inferno. E você fica ali, entrando pela madrugada, dormindo pouco, exasperando todo o teu sistema neurológico para, na manhã seguinte, sair para os compromissos sonolento, cansado, irritado e transformando a tua vida naquele inferno que a medíocre “sala de aula” insiste em te aplicar como lições da vida moderna.

Eu ainda fico com a inocência e pureza das crianças e, se me permitem, vou descer uma ladeira, ralar o joelho, passar mertiolate, brincar com os cachorros e, no surgir da primeira estrela, dizer com convicção que “vivi um dia pleno” e que amanhã, a vida palpitará uma vez mais e logo cedo, minha criança interior vai saltar da cama para uma magnífica empreitada de saborear a vida com toda a intensidade que ela merece.

Pedro Brasil Júnior, Curitiba, 24.11.2023.

http://guardiaodoportal.blogspot.com.br/

Exupery

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 Nota: John Henry Hintermeister – 10.10.1869 (Winterthur, Suíça) –10.02.1945(Brooklyn, Nova Iorque).

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Imagens enviadas por Pedro Brasil Jr.

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Senhora Consciência – texto e desenho de Maria Betânia Silva

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Senhora Consciência

                                  Maria Betânia Silva

Essa dama representada no desenho se chama Consciência.

Ela estava sentada com elegância numa cadeira para relembrar a sua história de luta e esperar as crianças que ouvirão o que ela tem para contar, com um jeito firme, perspicaz e divertido. Consciência gosta de falar e celebrar sua vida e a sua sobrevivência vitoriosa.

Sente- se orgulhosa por haver resistido a tantas adversidades ao longo da vida e podido organizar os fatos que marcaram a sua trajetória, analisando-os com propriedade e sabedoria.

Ela soube guardá-los sem se deixar aprisionar num baú. Sobreviveu, sobrevive e vive bem como pensa e com o que conseguiu fazer para ser a mulher emancipada e altiva que se mostra no desenho.

Consciência é uma mulher que não se deixou cooptar, que não traiu a si mesma, que agiu com coragem, vencendo medos e que manteve a coerência entre o que dizia, fazia e pensava (e isso não foi fácil para ela!).

Consciência teve os seus momentos de fragilidade mas nunca desistiu de voltar a se afirmar, tornando-se cada vez mais forte.

Quando adoecida diante de tantos absurdos que passou, Consciência não tomou remédios (foi muito difícil manter-se assim). Ele preferiu enfrentar as dores que sentia, pensando com serenidade e forjando o seu próprio saber, o seu próprio caminho de mãos dadas com a sua gente que, de igual modo, lutara por respeito e dignidade, atravessando gerações e superando os mais variados problemas. Muitos deles persistem mas não derrotaram Consciência, tampouco sua gente.

Consciência é uma mulher que trabalhou muito, ganhou pouco dinheiro, teve filhos e agora tem netos, e sempre teve foco para fazer o melhor de sua vida sem nunca ignorar as diferentes perspectivas no seu entorno. Ao contrário, esteve atenta a elas ampliando o seu foco de vida.

Dá para ver que Consciência é uma mulher negra que soube e sabe o que fazer com as suas vivências. Hoje, ela emociona contando suas histórias e verdades para crianças que a escutam atentamente com interesse e curiosidade.

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Maria Betânia Silva é brasileira de Recife – PE, e atualmente mora no Reino Unido.

Mais escritos de sua autoria: https://www.instagram.com/mariabetania5343/

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Retalhos – poemas de Gilberto Nogueira de Oliveira; foto de Santino Frezza

CANARIO DO CAMPO_8935p

Retalhos

Gilberto Nogueira de Oliveira

Fui ao infinito

E lá estava eu

A me esperar.

*

O imaginário é um lugar

Que visitamos a toda hora

Sem pedir permissão ao dono.

*

Quando estou fora de mim

Começo a escrever frases

Fora de você.

*

Por que não a verdade

Se a mentira

Dura tão pouco?

*

Por que a mentira

Se a verdade

É mais barata?

*

A mata, em sua resiliência

Reviveu em flores e frutos

Cantando um viva à natureza.

*

Uma semente é um mundo

Tem tudo o que é necessário

Para uma vida completa.

*

Poemas de Gilberto Nogueira de Oliveira, em seu livro Retalhos, 1ª edição, 07.11.2014.

https://www.facebook.com/gilberto.nogueiradeoliveira

Foto de Santino Frezza, Canário do Campo, 18.06.2023.

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Olhos de passarinho – foto de Santino Frezza, palavras de Clarice Villac


um jovem canário-da-terra
delicadamente, com olhos atentos,
pousa na cerca de arame farpado
a nos lembrar
como a liberdade é valiosa


Clarice Villac
02.08.2023
para foto de Santino Frezza


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Agosto – poema de Santino Frezza

02-calendario-2021-mensal-8

AGOSTO

. . . . . . . . . . . . . . . . . .Santino Frezza

Haiti, ai de ti,
terremoto de novo?
Azar desse povo?
Há gosto de morte.
Presidente assassinado para não morrer de terremoto?
Dona Flor, me diz, dormiu bem à noite?
Ou sonhou com marido que não quis?
Passeatas de motos,
para festejar os milhares de mortos?
Fumacê de tanques para matar mais gente?
Ou para pedir verba ao presidente?
Agosto tem mortes?
Há gosto de mortes.
Tarcísio cheio de glória,
abandonou a Glória?
Meneses ficou sem Meira nem beira?
Porto Feliz ficou infeliz?
A vida é uma novela,
morrer de covid sem direito a vela,
nem mesmo uma fita amarela?
Glória, adeus às alturas
e jaz na terra, na sepultura?
Há gosto de morte, há falta de sorte.
Neve no Sul, fogo no Norte.
Bomba em Kabul, há quem se importe?
Há falta de sorte, há gosto de morte.

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Poema escrito por Santino Frezza em 15.08.2021.

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Ressaca de inverno – haicai e foto de Celso Pestana de Aguiar

Ressaca de inverno

Haicai & foto de Celso Pestana de Aguiar
Saquarema, RJ, 01.07.2021.

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Pato-mergulhão: Símbolo de nossas águas – Matas ciliares


Desde o Fórum Mundial das Águas (Brasília, 2018), o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) tornou-se o símbolo da conservação das águas brasileiras.

Que tal ouvirmos esta voz que clama pela conservação de nossos rios e todas as águas?

Site: https://faunabrasil-uff.wixsite.com/faunabrasil-uff
Facebook: https://www.facebook.com/faunabrasil.uff
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Vida de passarinho – fotos de Santino Frezza, poemas de Santino Frezza e Clarice Villac

Peitica (Empidonomus varius) – foto por Santino Frezza

o fotógrafo 

numa manhã de verão:

– Olha o passarinho!


leve, levezinho

num balanço natural –

Peitica na árvore


com o olhar atento

pousado no alto galho –

guardião do bosque



Clarice Villac
13/14.04.2021

Andorinha-do-rio jovem (Tachycineta albiventer) – foto por Santino Frezza

Pássaro pousa no galho

Respinga água da bica?

Não, são só gotas de orvalho!

Fica com sede o Peitica.

 

– Alguém me dá uma dica?

Só quero água limpinha.

– Tem aqui perto, Peitica.

– Grato a você, Andorinha!

 

Beber da água da mina

Pôr minha pena bonita

Para encontrar a menina

Minha garota Peitica.

 

Santino Frezza
16.04.2021

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Para ver mais fotos de aves por Santino Frezza:
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